18.1.11

Escalada, cachoeira e cadena em Corupá

Este fim de semana foi com certeza um dos melhores que passei nos últimos tempos. O clima estava perfeito, a rocha estava seca, e claro, a cerveja estava bem gelada. Ou seja, vários banhos de cachoeira entre uma escalada e outra agregada a boas prosas com velhos amigos.

Sexta à noite o Leco e eu encontramos os velhos amigos de Cambé Claudiney, Michela e Maria Fernanda na Pizzaria Corupá. Nesta noite choveu um pouco mas logo parou, resultando num sábado de sol e as paredes secas.

Logo de manhã escalamos duas vias mais baixas pra aquecer e depois fomos ao setor do vale perdido. Entrei pela primeira vez num 7a (que não lembro o nome), via muito linda que sai de um platô encostado numa arvore. Contem diversos buracos de “mão cheia” e inclinação levemente negativa, boa opção para que esta almejando mandar um sétimo.

O objetivo de ir pra Corupá, além da diversão do verão, foi de tirar um parâmetro para saber o quanto devo treinar este ano para mandar as vias que tenho como objetivo. Entrei equipando a via Pedra Lascada (9a) para tentar me lembrar dos lances. O resultado foi um tremendo espanco no qual quase não tiro todos os lances. O Leco também entrou e teve mais dificuldades que eu, pois quem é “grande” elimina alguns movimentos da via. Depois disso voltamos para o acampamento onde o Claudiney (cozinheiro de todas as viagens) nos esperava com um bom almoço. Uma cervejinha pra dar uma hidratada (só uma cervejinha mesmo), um banho de cachoeira e voltamos pra via. Já no primeiro pega a via fluiu muito bem e por um movimento não encadeno. Pensei, agora já encadenei. Na sequencia entro novamente e no mesmo lance deixo escapar a cadena. Refiz o movimento mais umas 3 vezes e fui tomar mais um banho de cachoeira e guardar os braços para domingo.

Domingo de manhã acordo, tomo café, um banho na cachoeira e vamos direto para o vale perdido. Aquecemos no 7a e logo na sequencia vou à muerte para a cadena. Já na primeira parte da via os movimentos fluíram como nunca, cheguei ao descanso com os braços zerados. Isso fez toda diferença, depois de sentir os batimentos cardíacos baixar entrei na sequencia do crux da forma mais perfeita possível e quando segurei na agarra que havia caído um dia antes eu vi que estava sobrando. Um lance mais e estava dominado, foi só pegar dois agarrões e clipar a parada. Esta cadena me trouxe muita motivação já que fazia muito tempo que não encadenava uma via tão linda e tão difícil pra mim. Esta via, como disse o Moleza “via alucinante, que se acertar o posicionamento não faz nem força”.

Depois da cadena nada como um banho de cachoeira, uma cervejinha gelada um churrasquinho do Sr. Arlindo. Pra completar o dia, escalamos mais 5 vias de sexto, sétimo e oitavo entre um banho de cachoeira e outro. Deixo aqui um grande abraço pra galera de Curitiba, pro Claudiney e Michela por aparecerem de ultima hora e pro Leco, parceirasso de todas as horas.


Kava escalando e Marius na segue.

Gi (Ctba, EUA)

Fafá (Ctba)

Via Pedra Lascada (9a)

Banho merecido depois da cadena.

Cervejinha no fim do dia no bar do Sr. Arlindo.

Chuva entrando no vale.

14.1.11

Virada do ano no Cipó

Depois do tradicional Natal gordo com a família parti pro Cipó sem saber se poderia escalar. O joelho doía um pouco mas eu sabia que a motivação e o pensamento positivo me daria condições de escalar num dos melhores setores de escalada esportiva do Brasil.

Chego no Cipó no fim da tarde do dia 27 e tenho a primeira surpresa. Saindo do mercado começa uma chuva torrencial que duraria algo em torno de 45 minutos, diminuindo a intensidade, mas persistindo em cair. Achando que a chuva ia dar uma trégua, janto num restaurante pra esperar a chuva passar. 10 horas da noite e a chuva não para, a única alternativa é caminhar uns 4 km com água na cabeça. Naquele momento mal sabia eu que a chuva duraria por mais 4 dias.

Do dia 27 até o ultimo dia do ano a chuva não parou, as vezes quando parava por algumas horas nós pegávamos a mochila ia rumo ao G3. Em vão, era só chegar ao setor que a chuva forte voltava nos forçando a retornar pra pousada. Dias difíceis, ainda mais que estava com uma curiosidade imensa de saber se o joelho ia incomodar.

No penúltimo dia do ano o tempo deu uma melhorada, mas só era possível escalar as vias da Sala de Justiça. Depois de um mês sem escalar não tive outra opção a não ser entrar em vias de no grau. Resultado, tomei um espanco a ponto de não querer sair da cama no outro dia. Tava com dor até no músculo da língua, contudo tinha uma felicidade imensa por não sentir dor no joelho e perceber que assim que o período de chuva passasse eu estaria escalando.

Depois de alguns dias escalando entre uma chuva e outra, começo a criar alguns objetivos de cadena. A primeira era a via Na Calada da Noite (8a), depois Especialidade da Casa (8b) e Libera o cliente (8b). A primeira não tive condições de escalar, em nenhum momento a via secou por inteira. Já as outras duas eu fiz a cadena na segunda tentativa. Saiu melhor que encomenda, achei que depois de um período de lesões e pouca escalada eu iria demorar voltar a encadenar um 8b.

Uma dessas cadenas aconteceu de uma forma que eu menos esperava. No ultimo dia de escalada da viagem, acordo por volta de 10 horas e logo recebo a ligação da Francine convidando pra fazer boulder em Conceição do Mato Dentro. Aceito na hora. Ligo pra Rafa e pro Barão pra combinar os detalhes e me lembro de um pequeno detalhe, estava com a Libera o cliente equipada e como era meu ultimo dia obrigatoriamente eu tinha que ir lá limpar. O horário combinado para ir pra Conceição era 11 horas, então ligo pra Rafa e com aperto no coração digo que não poderia ir. Ela me respondeu: “não tem problema, dá tempo de ir lá limpar”. Pego a mochila e vou correndo pro G3, 45 min pra subir, limpar a via e descer.

Chego no pé da via e nem descanso, visto a cadeirinha e a sapatilha e vou. Coloco na cabeça que a forma mais rápida de limpar a via é escalando. Começo a escalar sem descansar nas agarras boas.Em movimento em movimento a via vai fluindo e quando me dou conta já estou na parada faltando apenas um dinâmico para a cadena. Inacreditável, a cadena é minha. Sem muito tempo para comemorar, junto as coisas e corro pra pousada de volta.

Ainda estava feliz quando ao encontrar com o Barão e a Rafa fico sabendo do trágico acidente do Bernardo...

Conceição é inacreditável, com certeza o melhor lugar de boulder que conheci. As rochas parecem que foram feitas minuciosamente para serem escaladas. Com uma quantidade imensurável de possibilidades que talvez seja necessário uma vida para escalar tudo que tem por lá. Pude conhecer a famosa “virada Conceição”, infelizmente só escalando lá pra saber o que é isso. Escalei pelo menos uns 15 boulder entre V0 e V6, todos de qualidade. Fim de viagem com chave de ouro.

Mesmo com tanta chuva a viagem valeu cada minuto. Nada melhor do que rever os amigos e fazer novas amizades. Deixo um grande abraço para todos que compartilharam comigo este período que estive no Cipó. Dani, Barão, Rafa, Francine, Wagninho, Carin, Roger, Peter, Bruno, Gabriel, Will, Paula, Tati, China, Carol, Beto, Cris, Frango, Ferreira, Joana, Sanzo...


Via Inquilino (9a)


Dia de chuva na sala de justiça

Conceição do Mato Dentro

O "rei leão" Aries

Dani no boulder

Boulder no ônibus


Dani e segui atenta da Francine

Barão

Rafa e eu láááá atrás




Mulherada fazendo força

Wagninho mandando o time pro ataque... rs

Onde mesmo?

Mais fotos aqui e aqui e também aqui.