Cadena da via Filhos do Sol, 9b/c Canto Grande

Tudo combinado para participar do Campeonato de escalada no fim de semana em Balneário Camboriú, com uma motivação de quem passou um bom tempo enfurnado no muro devido ao mal tempo. Até sábado era este o panorama que se tinha.

Acordo sábado as 10 horas da manha, cansado de uma boa semana de trabalho, tomo um bom café da manhã e parto para encontrar os amigos na Pedreira do Abraão. Um dia maravilhoso, com pouco vento e um sol que a muito não se via por aqui. Algumas vias ainda molhada, começo a escalar a via Laranjinha Max Willian, um 7b difícil para um aquecimento. Depois de inchar os braços parto para escalar a via Quero ver Clarinha dançar reggae, 7a. As duas vias foram suficientes para mudar de idéia e aproveitar o bom fim de semana para escalar na rocha. Meio sem jeito pergunto pro Leco o que ele acha se deixar de lado o campeonato e ir pra Canto Grande escalar. Não precisei nem escutar a resposta, o sorriso no rosto dele já disse tudo e assim fomos pra Canto Grande no outro dia.

Canto Grande tem uma rocha bem abrasiva, com pouca escalada já se abrem os dedos e ai fim da escalada. Com isso o combinado era de ir no fim da manhã, acordo novamente 10 horas e de cara escuto a musica "Time" do Pink Floyd, não sei por que mas naquela hora senti que o dia ia ser bom. Tomei um bom café da manhã e com um pouco de enrolação passei pra buscar o Leco depois do meio-dia, o que nos fez começar a escalar as 14:30 hs.

Começamas aquecendo na via Boi nos Aires, via de duas cordadas num grau entre 5° e 6° de duas cordadas. Depois disso, fomos para a via Filhos do Sol na qual eu entrei equipando.

A via começa num domínio de um bloco, depois entra numa placa com agarras configuradas no estilo choquito. Em seguida entra num negativo onde domina-se uma barriga e entra na aresta onde encontram-se agarras de canto, abaulados, pinças e regletes. Passado algumas chapas faz-se uma travessia saindo do lado direito da aresta passando para o lado esquerdo numa seguencia de micro agarras até entrar na placa final. Nesta placa passa-se por mais umas 5 chapas de pura regletera até a parada.

Após relembrar de todos os movimentos e equipar, o Leco entra na sequência para tirar os lances. Ao conhecer a via, com uma felicidade que se podia ver no rosto ele diz: "esta é uma via que todo escalador deveria ter a oportunidade de escalar". Mesmo com muita motivação entro na via sem maiores pretensões e os lances começam a sair. Quando me dou por conta já estou na travessia da aresta e a musica do Pink Floyd não me sai da cabeça. Boa respirada e meio que curtindo a musica como se fosse num video de escalada, passo pela travessia e administrando as forças chego no fim da via. Não consigo me conter de felicidades e uma sensação que nenhumas palavras podem descrever. Valeu Leco pela pela parceria e amizade.